sábado, 19 de dezembro de 2009

Sobre minha despidida

Que minha solidão me sirva de companhia.
Que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Que eu saiba ficar com o nada.
E mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo.
C.L.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Sobre o segredo das paredes.

Cada dia que passa mais envelheço e ainda não aprendi a viver.
Não sou filha da liberdade. Vejo a fria face do medo congelada na velocidade do tempo.
Minhas angustias sussurram em meu ouvido. Você sabe o que é voar pelas noites entre os gatos pardos e ouvir a doce melodia destemida da madrugada ?
Os muros da cidade.
A vida das calçadas.
Não sei que cor tem as ruas depois do crepúsculo.
Conheço bem meus lençóis.
Escuto o barulho das paredes brancas do meu quarto, sei seus segredos íntimos.
O tic tac dos relógios no mudo silêncio.
Algo me escapa entre os dedos molhados de lágrimas solitárias, mais um ''eu'' no mundo paulistano.
A brisa que foge pelas frestas da minha janela vem me contar coisas que não posso entender..
Elas não se cansam de esfregar-se em meu rosto. Sua sensualidade misteriosa que passeiam e chamam alguém engaiolado dentro de minha consciência.
Por que os fantasmas em bege me seguem?
Deixe me esquecer do que não vi.
Queria ser ''metamorforizada'', não em pássaro ,nem em gatos, mas em sensações e em palavras ocultadas pelo breu.
Onde estão os olhares invasores que procuro e a música que me envolve no ar não iluminado?
Onde está o não dito,
o desentendido?
Os copos e os passos despreocupados?
O escuro e o fantasiado?
A loucura não percebida ou a atitude descabida?
O som
e meus toques?
A ausência dos pensamentos em contra-passos?
O pulsar violento das batidas de um coração cansado?
O sentido distorcido?
Os lençóis, os botões e a malha preta dos vestidos?
Quero entrar nesse túnel infinito e nunca visto e fugir com a brisa e a música pelas mesmas frestas de minha janela.
Eu quero o dom dos lobisomens.
Entender antigos poetas,
sentir a companhia das sombras,
e rir com esses novos amores nas festas do desconhecido.
Tu, meu amor, me leve porque não quero mais voltar para o meu dono que nunca soube dormir sem cobrir seus cegos olhos exaustos.
Me leve...para poder dizer que entendo.
Agora acordo e meus lençóis ,mais uma vez , me observam.

sábado, 7 de novembro de 2009

Sobre meu garoto.

Aquele garoto quer gritar, você pode ver?
Já estão secas suas lágrimas, por isso não chora.
Ele vê o mundo como um grande carrossel, que gira, gira, gira e gira.
Ele fecha os olhos, e grita.Mas som nenhum sai de sua boca.
Seu peito deseja explodir.Ele deseja ajudar alguém, mas suas mãos são muito curtas.
Ele deseja confortar alguém, mas o silêncio é mais forte que ele.
Não sabe o motivo de sua raiva.
Ele é apenas um jovem como outros, o que pode ele ter de diferente?
Senti-se impossibilitado, incapaz.
O grito dele acalmaria outro coração, ele tem certeza.
Ele é herói, vilão ou refém?Abra a boca, deixe essa bomba sair.
Ajude-a.
Ajude-se.
Ele quer ver-se só, o mundo é frio de mais para todo seu amor.
Agora ele começa a se acalmar, é vencido pelo cansaço.
Sente seus olhos pesados, já não se sustenta em pé.
Cai.
Dorme.
E dormindo ele chora.
Escrito por Victor Macedo - blog Sinfonia de cores (http://torvicstankowich.blogspot.com/)

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Sobre um assassinato melancólico.

Se voce quiser ir,
eu vou deixar.
Vai em paz.
Vai com Deus.
Que eu possa lembrar de cada vão momento..
Vivo,
presente,
eterno..
Como uma borboleta que cresce
e que um dia voa, porque esse é seu destino.
Vai.
Leva consigo os sorrisos,
os olhares e as palavras,
a brisa daquelas tardes e noites.
As juras de amor.
E lembra,
que um dia fomos um,
que tua alma tocou a minha
que parte de mim estará indo também.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Sobre ventos hipnóticos.

Beije-me
como se nunca estivesses dentre os meus lábios
Toque-me
como se jamais visse tal pele
E, leva-me contigo,
nos olhos, na mente, no coração.
Apenas leva-me.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Sobre o aniversário de um ícone.

69 anos,amanhã. 1. Um sonho que você sonha sozinho é apenas um sonho. Um sonho que você sonha junto (com outras pessoas) torna-se realidade.
2. Eu acredito em Deus, mas não como uma coisa única, um velho sentado no céu. Eu acredito que o que as pessoas chamam de Deus, está dentro de cada um de nós. Eu acredito que Jesus ou Maomé ou Buda e todos os outros estavam certos. Foi só a tradução que foi feita errada.
3. Eu não acredito em matança, seja qual for a razão!
4. Se todos lutassem por paz em vez de por outro aparelho de televisão, então haveria paz.
5. Se você tentasse dar outro nome para o rock'n'roll, então ele seria Chuck Berry.
6. Se alguém pensa que paz e amor é um clichê deixado para trás no fim dos anos 60, isso é um problema. Paz e amor são eternos.
7. A vida é o que acontece quando você está ocupado fazendo planos.
8. Meu papel na sociedade, ou de qualquer artista ou poeta, é tentar expressar o que nós sentimos. Não é dizer às pessoas o que sentir. Não como um pregador ou como um líder, mas como um reflexo de nós mesmos.
9. Nossa sociedade é conduzida por pessoas insanas com objetivos insanos. E acho que estou sujeito a ser posto de lado como um insano por expressar isso. Isso é que a insanidade.
10. Rituais são importantes. Hoje em dia está na moda não ser casado. Eu não quero estar na moda.
11. O que os anos 60 fizeram foi nos mostrar as possibilidades e a responsabilidade que cada um tem que ter. Não era a resposta final. Só nos deu um vislumbre da possibilidade.
12. Quando você está se afogando não pensa "eu ficaria imensamente satisfeito se alguém tivesse a providência de notar que estou me afogando e viesse e me ajudasse". Você apenas grita.
13. Para nosso último número, quero pedir a ajuda de todos. As pessoas nos lugares mais baratos podem bater palmas? E o resto de vocês aí (nos lugares mais caros) apenas chacoalhem suas jóias.
14. Se as pessoas prestam alguma atenção naquilo que falamos, então eu digo que nós estivemos envolvidos no mundo das drogas e que não existe nada melhor do que não estar mais viciado.
15. Eu sempre considerei minha obra como uma coisa só e acho que meu trabalho só estará encerrado quando eu estiver morto e enterrado e espero que isso demore muito tempo. (N.R.: Ele falou isso numa entrevista para a rádio RKO no dia de sua morte).
John Lennon

domingo, 4 de outubro de 2009

Sobre o que tu cativas.

E foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho, que se voltou, mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? perguntou o principezinho. - Tu és bem bonita...
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda.
- Ah! desculpa, disse o principezinho.- Que quer dizer "cativar"?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços"
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. - Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no no mundo...
Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra.
O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...
A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:
- Por favor...cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
- Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.
- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto...
Assim o principezinho cativou a raposa. Mas quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é sua, disse o principezinho, eu não te queria fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...
- Quis, disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! disse o principezinho.
- Vou, disse a raposa.
- Então, não sais lucrando nada!
- Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo.
- Adeus, disse ele...
- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.
O pequeno príncipe

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Sobre megalhas.

Eu quero a sorte de um amor tranqüilo
Com sabor de fruta mordida
Nós na batida, no embalo da rede
Matando a sede na saliva
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia
E ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente não vive
Transformar o tédio em melodia
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum veneno antimonotonia
E se eu achar a sua fonte escondida
Te alcance em cheio o mel e a ferida
E o corpo inteiro feito um furacão
Boca,
nuca,
mão,
e a tua mente, não
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum remédio que me dê alegria
Todo amor amor que houver nesta vida - Cazuza

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Sobre novas estações.

Aurora amarelo alaranjado, uivo ,canto ,grito.
Notas musicais.
Frio de outono cheiro da noite brotando luz do luar, negro esverdeado com
pinceladas anil-rosa-avermelhado
Terra cheiro gotas molhadas fogo que nasce pra aquecer.
O veludo das flores.
Delicadeza. Levemente adocicado.
[..]
Consegue sentir o cheiro da primavera nas entrelinhas?

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Sobre a inutilidade humana.

Os cachorros nascem, comem, cagam, reproduzem, vivem felizes e saltitantes e morrem.
As hienas nascem, comem, cagam, reproduzem, vivem felizes e saltitantes e morrem.
Os sapos nascem, comem, cagam, reproduzem, vivem felizes e saltitantes e morrem.
Os seres humanos nascem, comem, cagam, reproduzem, complicam tudo, planejam ser felizes e saltitantes e morrem.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Sobre uma inexistência escura.

Naquele minuto,decidiu o seu destino.
Seus ouvidos lhe contavam palavras com espinhos escondidos.
Tão neutralizada. Um rosto sem expressão,respousando nas frias mãos.
Olhares vagos e sem vida.
Existência? Que existência?
Viver por obrigação? Ora,francamente.
Nenhuma exaltação,nenhum aceleramento cardíaco.
Muito estranho.
Algo semelhante a uma morte lenta.
Apáticatimente transparente.
Oca por si só.
Sons adormecidos em sua boca triste.
Pensamentos imobilizados.
Muitos deles ainda caminhavam pela mente,mas estavam tão cansados de existirem.
O desapego chegara? Ou era a tristeza disfarçada de isolamento?
Derrepente,o que mais desprezava tornou-se alma sua.
Solidão.
Oh,solidão..quem diria que seria você quem me acolheria da desilução do mundo?
Me acolheria do decepcionamento das falsas e dissimuladas alegrias.
A hipocrisia vivi sorrindo para mim,e você solidão a afasta com seu rosto gelado.
Mas não sinto que devo te agradecer, mesmo sabendo que a morte é digna de agradecimento.
Continuo te desprezando,por mais que insista em me proteger.
Estou dormindo nos braços do esquecimento.
Meu berço é escupindo por pedras.
Lisas pedras acizentadas.
Não se iluda, não há beleza nelas.
Elas não aprenderam o mistério dos sonhos.
Até mesmo os pequenos e esboçados sorrisos plásticos se manifestam com pouca frequência.
Não quero encontrar a tristeza nos olhos de quem vejo
Ela mora em minhas pupilas.
Confusas.
Onde estão meu olhos? Eles se perderam?
Ou foram perdidos?
Para que adianta palavras mudas a ouvidos cegos?
Talvez tudo seja a sombra dos dias tentando me engulir.
A pergunta é : '' hoje devo permitir? ''
É irritante minhas constantes contradições, não vai demorar muito até alcançar a loucura.
Buscar felicidade e sofrimento é uma estupidez.
Sorrir e chorar.
Por que não me resumo a um apenas?
Que seja a alegria,mesmo que seja falsa.
Felizes aqueles que são ignorantes..e que não enxergam a cara feia das coisas.
Afagoda no lago profundo da noite, ainda é visível um feixe de luz.
A imagem das mãos enrudas e embaçadas que afundam buscam aquele..
Aquele feixe de luz envelhecido..
Lá e de volta a minha velha caverna.

domingo, 13 de setembro de 2009

Sobre pequenos garotos.

Garotos gostam de iludir
Sorriso, planos
Promessas demais
Eles escondem
O que mais querem
Que eu seja a outra
Entre outras iguais...
São sempre os mesmos sonhos
De quantidade e tamanho...
Garotos fazem tudo igual
E quase nunca chegam ao fim
Talvez você seja melhor
Que os outros
Talvez, quem sabe
Goste de mim...
São sempre os mesmos sonhos
De quantidade e tamanho...
Garotos perdem tempo pensando
Em brinquedos e proteção
Romance de estação
Desejo sem paixão
Qualquer truque
Contra a emoção...
Kid Abelha - Garotos

sábado, 12 de setembro de 2009

Sobre prazeres de Capitu.

''Seus dentes e seus sorrisos mastigam meu corpo e juizo. Devoram os meus sentidos''.
''É nos seus sorrisos que hoje quero viver, meus amores''.
Fico febril ,inconstante. Seus sorrisos e suas risadas são tudo o que meu ser esperou em águas passadas,nas presentes,e nas futuras em um submundo individual secreto. Me transforma em uma metáfora ambulante.
''Metamorforize''.
E seus olhos.
Ah! Seus doces olhos de ressaca..
Como me divirto nos momentos em que me perco neles.Viver mergulhada na doçura e na suas duvidosas profundezas, sem vontade de algum dia me encontrar.
Tenho impressão que são eles que me devoram.
Ou são os meus olhos que devoram os seus?
Pois então,olhos meus são tão famintos.
Também quero mudar de cor pelos lances de luz.
Por que vejo neles a inocência das crianças? E a fantasia que existem nas fábulas?
Me convidam a viajar por túneis da alma sua, minhas palavras tremem, me encontro naquele velho e único estado de paralizia momentânea, segundos imaginários, o tempo não existe, os dias parecem anos, os dias parecem noites, as noites parecem meses,os meses parecem segundos, os segundos parecem estações dos anos.
Esse inverno me esfria e eu ainda quero dormir.
Quem sabe nos meus sonhos possa viver clandestinamente e transbordarme em suas cores açucaradas..
Não entendo porque sempre me encontro em outra dimensão quando estou a falar sobre seus prazeres.
Prazeres, só minha Capitu tem.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Sobre desajustes.

''Os teus ossos não são feitos de vidro. Podes levar algumas pancadas da vida. ''
O fabuloso destino de Amelie poulain
[..]
No meu caso,não só algumas,tenho a impressão de ter que levar todas as pancadas da vida.
Vi-ver dói
Sonhar [re]constrói.
Estou tão calma como se nada houvesse sentido. Não existe a razão hoje.
Estou sendo manipulada por mãos transparentes.
Transparentes mãos grandes que neste momento estão me ninando em um ritmo lento.

Sobre novas visões subjetivas.

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."
Fernando Pessoa
[..]
Minhas negras vendas voaram com os sopros de novas verdades invisíveis.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Sobre uma musicalidade invisível.

Tuas palavras me soam como doces sinetas
Sons de flautas, acordes de violão..
Uma mistura de sinfonias
Que resultam na mais bela de todas as músicas,
A sua voz.
As letras e as melodias que vibram de você para mim
Estremecem meu coração
De uma forma inigualável
Mesmo sendo inatingível.
A distância se desfaz
E em segundos te sinto perto
Tão perto que chega a ser confortante
Penetras no meu ser
Adentras minha alma como ninguém mais
Numa intensa musicalidade
Que tem sons, cores e brilhos.
Possui-me como ninguém mais,
Possui-me em corpo, alma, coração e música.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Sobre o pensado.

Ás vezes acho que.. Não acho. Penso. Ás vezes penso que.. Não penso. Sinto. Sinto falta, ausência, vontade. Sinto vontade. Daí sinto medo, desespero, e volto. Volto a achar que.. E não acho. E vivo sempre a pensar. Pensar. Pensar. E algumas poucas vezes, a sonhar.

domingo, 30 de agosto de 2009

Sobre o sorriso do gato.

O gato de Alice não sorri mais
Mas o gato de Alice não existe
Ele é apenas o espectro dos seus sonhos
Alice vive no mundo real
Olhando as estrelas que caem
E desejando sorrir mais
O gato de Alice não sorri mais
Ele se assustou com a maldade dos homens
Ele balança o rabo e se estica na grama
Olhando o mundo que cai
E desejando que Alice não sofra mais
Blog de 7 cabeças

Sobre muitas noites.

Queria ser fabulosa.
Ter muitas pessoas a minha volta.
Mas, em especial, uma.
Quando digo que não tenho vontade de viver,eu minto.
Eu quero viver,e sentir a vida. Não quero envelhecer, me arrepender e saber que é tarde demais. Preciso de histórias para meus netos. Isso se eu chegar a ter.
A verdade é que,talvez,eu não só não saiba como fazer isso.
Sinto falta de algo.
A todo momento eu estou insegura.
Para andar,falar,olhar,pensar,agir,me envolver.
Por que eu não consigo ter segurança?
Por que eu sinto o chão a todo momento? Quero tirar meus pés dele.
Quando eles saem do chão,logo são puxados de volta,como se a gravidade tivesse aumentado bruscamente.
Não quero mais ficar sozinha nas noites de sabádo,trancada em meu quarto,vendo filmes.
Vendo nos filmes as pessoas viverem,enquanto estou deitada olhando.
Estou buscando muitas coisas.
Espero que eu tenha a sorte de encontrar.
Ás vezes,tudo que eu penso entender,passa a ser desconhecido para mim. O tudo vira nada. O nada vira tudo.
É normal ser tão confusa?
Vejo todos se divertindo. Todos.
E eu aqui esquecida na solidão.
Não quero mais ficar sozinha. Estou cansada.
Quanta besteira.
Estou cega.
Uma cegueira branca..

sábado, 29 de agosto de 2009

Sobre o sonho.

É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo.
Clarice Lispector

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Sobre o repouso daqueles.

Se o Chapeleiro Louco perder a cabeça, onde poderá colocar todos os chapéus? E se forem os chapéus que lhe emprestam pensamentos loucos, para que precisa ele da cabeça?

Sobre um gosto diferente.

Hoje é um ‘’dia capucchino’’.
Estou feliz sem tomar cafeína.
Estou naqueles dias que me liberto das correntes da fobia social.
E é uma sensação tão gostosa. Todos deviam sentir isso pelo menos uma vez na semana,quem sabe a vida não ficasse mais fácil ou menos agressiva.
Ás vezes, eu me arrependo de ter determinados pensamentos. Pensamentos extremamente pessimistas. Eles representam meus dias tristes,crises momentâneas,e na verdade acredito que seja apenas meu estado de cansaço, um cansaço físico que desencadeia em uma exaustão mental.
Mas esse é um post diferente.
Oh, doce gosto de liberdade!
Eu to pulsando .
Tum, tum, tum.
E como diria Carlos Drummond de Andrade: Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade.
Estou rindo atoa.
Por isso hoje eu acordei
Com uma vontade danada
De mandar flores ao delegado
De bater na porta do vizinho
E desejar bom dia
De beijar o português
Da padaria.
Ah!

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Sobre naquele banco.

Estava sentada fitando o nada. Foi quando derrepente vi uma figura estranhamente familiar surgir. Senti minhas pupílas dilatarem e meus batimentos aumentarem em um ritmo progressivo. Seu all star xadres cinzento, aquela calça jeans azul forte, marcando suas finas pernas que se movimentavam, sua blusa estampada de um lp e seus cabelos pretos e finos que voam sutilmente com seu andar cauteloso e ágil. Mas era um movimentar rápido, transformado, como se não houvesse gravidade. O tempo tinha se retardado. E meu sorriso veio atona,instantaneamente. Que vontade que eu tive de correr e abraçar o nada como naqueles dias de metrô. Abraçar e sentir o tudo desaparecer sem que eu percebesse. E aquele segundo que se metaforizara em um segundo imaginário me mostrava a realidade. No mesmo momento em que te vi, vi o nada.
Não há nada.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Sobre uma realidade sem cor.

Estou cansada das pessoas. Elas passam por mim como se fossem formigas. Estou cansada dessa hipocrisia toda. Ás vezes penso que talvez eu deva feder muito,porque não vejo outra explicação.
Por mais que se sorria,seja agradável e totalmente educado,retribuem com os atos inversos aos seus.Por isso,acredito que sim. O mundo é um formigueiro. Quando se é gentil com o homem, já se deve esperar que ele te decepcione. Espere, ele vai te decepcionar. Tudo é uma questão de tempo. É o que acontece em quase 100% das vezes.
O mundo é branco é preto.As pessoas são branco e preto. Não existe isso de que as pessoas te cumprimentam no ônibus,te desejam boa dia na rua e conversam com você com verdadeiro respeito. Ninguém quer te conhecer,ninguém quer se interessar pelo que pensa,ninguém quer te ouvir,muito menos saber se está se sentindo bem. Há limites de convivência.. porque alguém iria querer entender suas perturbações,suas tristezas?
Seres egoístas.
Como podem se considerar ‘’entendedores da verdade’’ ?
Não há verdade.
Minha vida inteira eu estive fedendo. E começo a questionar se vale mesmo a pena ter esperança.
Estou cansada de ouvir tanta asneira junta.
Estou cansada de procurar entender conceitos sem sentido.
Estou cansada de achar ridículo tanta falta de originalidade.
Não entendo qual é a graça de ser cópia de outras cópias.
Estou cansada de ouvir músicas desenprecionantes que todos dizem não existir nada igual. Não sinto nada com essas músicas.
Estou cansada de enxergar como o mundo é feio.
Estou cansada de buscar algo que me impressione de verdade. Tudo é tão banal.
Todos são tão desinteressantes.
Agora consigo entender porque as pessoas são tão frias umas com as outras. Há muita maldade espalhada por aí. Por mais que eu vá contra, com tudo que eu tenho visto e passado, também estou me tornando uma formiga. Uma formiga que quer se fechar na sua simples tarefa de carregar uma folha. Espero que algum dia me provem ao contrário das minhas reflexões. E admito que não me orgulho delas, as desprezo.
Estou de mal com o mundo. E já faz algum tempo.
Não acredito em Carpie Diem.
‘’A vida é injusta. Não espere compreensão dela, pois ela vai te atropelar.’’
É realmente nisso que passo a acreditar.
Malditas formigas sem cor.
Maldito mundo canibal.
Maldito mal cheiro social.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Sobre interior.

Seu beijo tem gosto de cidade do interior
E os seus olhos quando me olham e abraçam
parecem as casas de tijolinho à vista
com toalha de renda em mesa de jacarandá.
Madi Rodrigues