sábado, 19 de dezembro de 2009

Sobre minha despidida

Que minha solidão me sirva de companhia.
Que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Que eu saiba ficar com o nada.
E mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo.
C.L.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Sobre o segredo das paredes.

Cada dia que passa mais envelheço e ainda não aprendi a viver.
Não sou filha da liberdade. Vejo a fria face do medo congelada na velocidade do tempo.
Minhas angustias sussurram em meu ouvido. Você sabe o que é voar pelas noites entre os gatos pardos e ouvir a doce melodia destemida da madrugada ?
Os muros da cidade.
A vida das calçadas.
Não sei que cor tem as ruas depois do crepúsculo.
Conheço bem meus lençóis.
Escuto o barulho das paredes brancas do meu quarto, sei seus segredos íntimos.
O tic tac dos relógios no mudo silêncio.
Algo me escapa entre os dedos molhados de lágrimas solitárias, mais um ''eu'' no mundo paulistano.
A brisa que foge pelas frestas da minha janela vem me contar coisas que não posso entender..
Elas não se cansam de esfregar-se em meu rosto. Sua sensualidade misteriosa que passeiam e chamam alguém engaiolado dentro de minha consciência.
Por que os fantasmas em bege me seguem?
Deixe me esquecer do que não vi.
Queria ser ''metamorforizada'', não em pássaro ,nem em gatos, mas em sensações e em palavras ocultadas pelo breu.
Onde estão os olhares invasores que procuro e a música que me envolve no ar não iluminado?
Onde está o não dito,
o desentendido?
Os copos e os passos despreocupados?
O escuro e o fantasiado?
A loucura não percebida ou a atitude descabida?
O som
e meus toques?
A ausência dos pensamentos em contra-passos?
O pulsar violento das batidas de um coração cansado?
O sentido distorcido?
Os lençóis, os botões e a malha preta dos vestidos?
Quero entrar nesse túnel infinito e nunca visto e fugir com a brisa e a música pelas mesmas frestas de minha janela.
Eu quero o dom dos lobisomens.
Entender antigos poetas,
sentir a companhia das sombras,
e rir com esses novos amores nas festas do desconhecido.
Tu, meu amor, me leve porque não quero mais voltar para o meu dono que nunca soube dormir sem cobrir seus cegos olhos exaustos.
Me leve...para poder dizer que entendo.
Agora acordo e meus lençóis ,mais uma vez , me observam.