domingo, 11 de abril de 2010

Sobre uma gotas da chuva.

Os guarda-chuvas dançam na melodia da chuva,
na sinfonia das gotas,
no canto das nuvens cinzentas,
nas notas sonoras da água.
Eu sou a gota de chuva que nasce das nuvens escuras, correm pelo ar, e espatifam no chão.
Que espatifam no seu rosto nu, beijam sua pele delicada e morrem ali.
As poças deitadas formam ninhos de mim nas calçadas,
no cimento gelado.
As poças de água são um mundo mágico.
Um céu quebrado no chão
onde em vez de tristes estrelas
brilham os letreiros de gás néon.
As gotículas molhadas escorregam pelo verde das folhas
e pelos perfumes das flores.
Se divertem alegres.
Os pássaros aflitos se encolhem e se escondem, assim como as pessoas o fazem.
Impressionante como o namoro do frio com a chuva ensaia a aproximação das pessoas.
Estranho como o frio atravessa as entranhas das nossas roupas e ataca ferozmente nossa sensível pele,
e ao invés de congelar,nos esquenta por dentro.
Febril.
Os pés molhados,
a mãos frias,
e seu rosto pálido
atravessam a geleira do ar.
Congela seus pensamentos.
Mas aquele paralismo mental agita-se sobre as neblinas brancas.
Seus dedos descem pelo vidro da janela.
A chuva varre o sol do rosto dela.
O vento passa assobiando pelos ouvidos da moça.
Sussurrando músicas.
O calor do corpo cheiram aos nossos olhos.
Perseguindo-nos.
A ausência da presença nos queima.
Nos queima no frio ardente.
O quente na baixa temperatura sólida.
Via você na janela, na distância,
na solidão na penumbra do entardecer.
Via você na noite, nas estrelas, nos planetas,
nos mares, no brilho do sol e no anoitecer.
Via você no ontem , no hoje, no amanhã...
Mas não via você no momento.