quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Sobre um sonho.

Uma vez eu sonhei que um anjo me cantava palavras suaves como uma sinfonia de letras que viajavam para dentro de minha mente.
Sussurou em meus olhos.
E despejou segredos.
Segredos que não são tão segredos assim. São mistérios.. que poucos entendem.
Me olhou nos olhos e disse que as coisas não existem por acaso.
Tudo é uma questão de destino.
Ele brilhava como a luz do sol, e era tão branquinho e sereno como a luz da lua.
Era tão jovem.
Eu estava ninando em um barco, no meio do mar em um entardecer cálidamente calmo.
O cristalino na água refletia o amarelado do sol tranquilo.
Me sentei para observar o balanço tão perfeito das águas azuis, e ele sentou-se do meu lado.
Tão bem calculado, pensado, impecável quanto a maré.
Eu vi o anjo parar do meu lado, e olhar profundamente nos meus olhos, mas logo ele sobrevôou
o céu com toda sua delicadeza serena, deixando no ar toda sua luz e cegando todo aquele azul amarelano que cobria o horizonte infinito.
As nuvens espalhadas, como algodões jogados no ar..
e um pequeno barco a navegar devagar.
'' Em honra da mais pura das violetas a primavera abre as mais lindas rosas e pinta de ouro o azul das borboletas. ''

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Sobre aquele anjo negro que conheceu.

Aquela menina sonhou com um anjo de asas negras.

Mas desta vez pode ver sua verdadeira forma.

Tão irreal e misterioso como a escuridão da noite.

Tão encantador quanto o esplendor da lua.

Tão vivo e intenso quanto a força do mar.

Tão sutil quanto o reflexo da luz que caminha gentil.

Suas enormes penas escuras escorregaram pelo ar e caíram docemente nas mãos de uma garota que vagava pelos seus pesadelos.

Aquele anjo voava alto como se nunca tivesse voado antes, como se estivesse há muito tempo preso nas garras afiadas de sua solidão.

Voava alto e se perdia nas nuvens do céu adormecido.

Voava alto como nenhum anjo voava. Veloz, como se a fúria dos seus medos tomassem conta dele, mas ao mesmo tempo, tão puro e amável.

Quase intocável.

Como uma sombra de luz abafada pela névoa.

A esplêndida escuridão pulsante do anjo enfeitiçaram os olhos da pequena menina, e seus dedos tocaram-lhe a face fria.

Tão feroz e doce.

O demônio e a luz aprisionados numa mesma pessoa.

Seus olhos ao tocarem os tocarem aos dela, lhe contavam fantasias e sonhos, lhe mostravam a verdade sobre pequenas coisas.

Um anjo negro sussurrou em seus ouvidos coisas que nenhum mortal deveria saber.

Ele assim o fez, porque pensou em dividir a responsabilidade por ter roubado tais segredos.

As cores invisíveis, as águas claras onde se deita a escuridão, as pequenas e grandes feras dos abismos, as sombras que perseguem os homens, os sons que têm existência…

Ela ouviu as batidas de seu coração, e foi como se escutasse tambores ecoando longe em uma floresta. Mas seu coração batia forte como as badaladas se um sino. Pulsando forte.

Dentro das sombras, ele está lá voando só, com as agulhas da vida presas em suas asas.

Suas rosas não são vermelhas, são negras como seu cabelo.

A chama de seus olhos ao se encontrarem com os curiosos e inocentes olhares da menina giraram os planetas de lugar.

Seus olhos escondiam o brilho que iluminava a lua serena, o encanto das estrelas. Escondiam segredos.

O que tinha em seus olhos? Era impossível não olhar para eles com atenção, porque eles lhe arrastavam para dentro deles e trancavam-te por segundos inimagináveis, por uma eternidade gostosa.

Olhos que transbordavam a alma e penetravam com tanta facilidade os pensamentos da pequena.

A menina se mergulhou neles e ficou afogada naquela maré castanha, na profundeza de seus pensamentos obscuros.

Por que aquele anjo parou de voar? Por favor, anjo negro, não pare de voar.

Não permita que as mentiras humanas atinjam suas asas, pois são as mais belas e firmes do que todos os anjos que já vi.

Somente o anjo da noite possui a luz da ilusão, a calidez de uma esperança esquecida, a euforia deliciosa do amor, a intensidade do ódio. Um brilho que jamais outro anjo teria. E somente ele faria essa menina sonhar.

Ao encontrar suas mãos com a face das pessoas, passa para elas, tão modestamente, toda sua força. Prefere que voem por ele.

Mas ninguém faria mais emocionante viagem do que esse pássaro da noite que rasga o céu.

É nesse sonho que aquela garota mostrou suas asas brancas para o anjo negro.

E ao tocar seu rosto triste, suas escuras asas machucadas se transformaram em penas brancas. Juntos sobrevoaram a escuridão como irmãos.

E doces lágrimas caminharam pela noite, se tornando as mais lindas estrelas.

Ela viu o anjo sorrir, e a noite se transformou em manhã, em sol, em luz.

E nessa passagem de pesadelo em sonho, o anjo negro com penas brancas bateu suas asas até o quarto da menina, e a observou dormir misteriosamente feliz.

Ela acordou.

domingo, 11 de abril de 2010

Sobre uma gotas da chuva.

Os guarda-chuvas dançam na melodia da chuva,
na sinfonia das gotas,
no canto das nuvens cinzentas,
nas notas sonoras da água.
Eu sou a gota de chuva que nasce das nuvens escuras, correm pelo ar, e espatifam no chão.
Que espatifam no seu rosto nu, beijam sua pele delicada e morrem ali.
As poças deitadas formam ninhos de mim nas calçadas,
no cimento gelado.
As poças de água são um mundo mágico.
Um céu quebrado no chão
onde em vez de tristes estrelas
brilham os letreiros de gás néon.
As gotículas molhadas escorregam pelo verde das folhas
e pelos perfumes das flores.
Se divertem alegres.
Os pássaros aflitos se encolhem e se escondem, assim como as pessoas o fazem.
Impressionante como o namoro do frio com a chuva ensaia a aproximação das pessoas.
Estranho como o frio atravessa as entranhas das nossas roupas e ataca ferozmente nossa sensível pele,
e ao invés de congelar,nos esquenta por dentro.
Febril.
Os pés molhados,
a mãos frias,
e seu rosto pálido
atravessam a geleira do ar.
Congela seus pensamentos.
Mas aquele paralismo mental agita-se sobre as neblinas brancas.
Seus dedos descem pelo vidro da janela.
A chuva varre o sol do rosto dela.
O vento passa assobiando pelos ouvidos da moça.
Sussurrando músicas.
O calor do corpo cheiram aos nossos olhos.
Perseguindo-nos.
A ausência da presença nos queima.
Nos queima no frio ardente.
O quente na baixa temperatura sólida.
Via você na janela, na distância,
na solidão na penumbra do entardecer.
Via você na noite, nas estrelas, nos planetas,
nos mares, no brilho do sol e no anoitecer.
Via você no ontem , no hoje, no amanhã...
Mas não via você no momento.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Sobre um vale.

E aquela rosa, finalmente chegou a secar.
Seu reflexo ao espelho, desapareceu.
Onde está sua alma agora?
Quebradiça.
Nadando em um vale de lágrimas
Águas salgadas
Amargas
Melancólicas.
Que te sugam a vida.
Te sugam a liberdade e a juventude.
O vale também secou ao tocá-la.
Aquele campo verde, desbotou.
Cores beges escuras ao redor.
O que ela vê ao penetrar naquele sádico horizonte ?
Infinito nada.
Anda sem sair do lugar.
Grita sem omitir som.
Chora sem escorrer lágrimas.
Pular com os pés no chão morto.
Procura sem encontrar nada.
Mal sabe o que está procurando.
Como será a verdadeira forma da libertação?
Seria um animal com asas?
Seria um feixe de luz branco e calidamente iluminado?
Tudo o que sempre imaginara.
Sem perceber um manto negro está a devorar seus restos.
Seu coração foi arrancado a força e colocado em uma balança de prata.
Se seu coração for mais leve que uma pena, terá um chance de sobreviver.
Sim, seu coração é mais leve.
Mas não por ser tão puro quanto pensava.
Estava enrugado como uma bexiga ao chegar próxima demais de uma agulha fina.
Só seus tecidos jogados ali naquela bandeja que refletia seu olhar triste.
Mesmo que se remende aqueles furos no peito, nunca mais voltara a ser como era.
Foram as traiçoeiras agulhas da vida.
Foram as lâminas afiadas de uma adaga de palavras.
Nesse mundo onde todos são agulhas e todos são adagas.
Acredito que até eu seja uma delas.
Provavelmente.
E ela pensa com cuidado..
'' Como se enche uma bexiga que está furada? ''

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Sobre pétalas vermelhas.

Não,eu não sou um pássaro.
Não,eu não sou um gato pardo.
O que eu sou? Não sei dizer.
Talvez eu seja uma forma não reconhecida ainda.
Só vista pelos que tem olhos afrodisíacos.
Sim, eu sou uma sombra iluminada que passa pelos cantos das paredes.
Eu passo pelas ruas.
Invisível como o vento.
Sente-se e não vê.
Invisível no escuro e na luz.
Transparente e incolor.
Sem cheiro, sem tom.
Que cor sou eu?
Não sei que cor sou eu.
Sou uma mutação de cores ambulantes.
Nunca serei a mesma cor.
Não tenho cor para os olhos sólidos dos juízes que me apontam o dedo.
Não sou o réu e não sou a testemunha.
Estou em julgamento,mesmo que não me vejam.
Sou uma gota de chuva.
Sou um sopro.
Sou uma rosa vermelha.
Tenho espinhos, mas não são para te machucar.
São para me proteger daqueles que arrancam minhas pétalas pequeninas e fragilizadas, mesmo que assim ,raras e não conhecidas.
Por que diamantes são tão valorizados? Por que existem pouco deles por ai?
São raros.
Por que as pessoas que são raras como os diamantes não são tão valorizadas?
Por que não somos como lindos diamantes?
Tudo seria mais fácil.
Estou escondida em uma pedra.
Sou uma pedra.
E ainda sim sou uma flor.
Que perfume singular.
Apenas os beija-flor chegam a mim.
Os outros animais não possuem todo o esplendor de um pássaro como o beija flor.
As pétalas não caem sozinhas.
São arrancadas.
Sou uma flor murcha.
Coloque-me em um jarro de água?
Está tão difícil achar um de um copo de vidro delicado e fresco.
Essa rosa está amassada no chão,apodrecendo com os materiais orgânicos
Que se decompõe lentamente.
Estão cansados de existir.
Tire esta flor de lá, toque em seus espinhos.
E se doer, perceba que não há veneno por mais que tenha feito um corte em seu dedo.
Essa flor está doente.
Só precisa de um pouco de água para florecer novamente.
Quem sabe da próxima vez nasça mais bonita do que antes.
Seu perfume já estava sutil, e sua cor desbotada com os dias chuvosos.
Sou uma flor..
jogada no vento.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Sobre asas negras.

Moço de asas negras.
Por que as machuca tanto?
Ele dorme, com lágrimas vermelhas
Coração latejante.
O que é você?
Pequeno homem, me conte.
Grande menino, o que é você?
Por que esconde suas penas?
Aquele garoto não sabia chorar..
O que ele aprendeu enquanto voava na masmorra da vida?
As surpresas são armadilhas..
que o aprisionaram
Eu vejo lanças em suas asas.
Aquela prisão virou seu lar.
Seu bem precioso.
Lastimável.
No que ele sonha agora?
Suas nuvens ilusórias estão rindo.
Ele dorme tranquilo,
seus suspiros se esvaneiam no ar tão docemente.
Meu menino das asas negras, dorme..
ao amanhecer o menino cresce..
o menino cresce todas as manhas..
o menino cresce toda vez que suas pálpebras descobrem seus cálidos olhos cansados.
Quando o castanho claro se apaga do seu olhar e a lua resolve chegar.. ele nasce mais uma vez...dorme menino.
Tranquilo como o sereno.
Suspirando profundamente.
O sol já chegou.
Acorda moço.
Levanta da cama, homem sério.
Guerreiro da luz, e guardião da escuridão.
Suas asas continuam, suspensas em baixo do seu cheiro e de sua roupa.
Seus olhos são o dia..
seus olhos são as noites..
seus olhos não sabem, seus olhos não vêem seu nascimento,quando a lua resolve se encontrar com o sol.
Suas asas mesmo que frágeis, são fortes também..
defendem o menino que se transforma, dos maldosos males.
E protegem os que estão com as suas asas quebradas e encolhidas.
Aquela menina não consegue tocar suas mãos..
seus pés descansos pisam em pequenos caquinhos de vidro espelhados no chão frio.
Mas ela não aprendeu ainda tirar os olhos do anjo escuro.
Em uma noite, ela encontrou aquele anjo em sua cama dormindo..
e tocou seu rosto.
E viu ele acordar.
As noites ficaram claras..
os dias foram cobertos por mantos..
as tardes não existem.
Uma menina se afogou no gosto amargo de suas próprias lágrimas que devoraram sua face lentamente..
aquele anjo, tocou sua pele, e beijou seu rosto com cuidado.
Seus lábios rosados..secaram a umidade do rostinho pequeno da menina.
Fabuloso garoto, que corre pelos céus meus.
Fabuloso garoto, sombra e luz daqueles meus sonhos-pesadelos.
Fabuloso garoto, que aponta a direção.
Aquela menina admira suas asas escuras.
Aquela menina te viu dormindo, ela sabe dos seus medos e dos seus desejos.
Aquela menina viu quando seus cílios compridos se separaram nos feixes do sol..
onde está o menino?
Ela viu o moço sair pela porta..
em seu sonho.
E ao acordar, ainda estava sonhando..
Vi penas negras..em minha cama essa noite.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Sobre rosas vermelhas.

Queria encantar-te.
Ser a menina dos olhos teus.
Entusiasmar sua alma.
Enfeitiçar seu sentidos e iludir seu coração. Manipular seus desejos.
Não sou francesa, nem vivo nas músicas do passado.
Não sou tão cult quanto queria, ou tão engraçada a ponto de te surpreender.
Mas na ausência dos minutos, aquela menina invadiu seus gostos e dominou sua imaginação.
No reflexo de seus olhos, naquela tarde.
Suas pupilas contraídas me contaram seus segredos.
Vi meu reflexo solto nos seus sonhos escuros.
No vento.
Aquela menina se transformou, sem saber.
Passou pela strepetese da alma.
Sem ao menos se notar, agora está se vendo em seu sorriso despreocupado.
Aquelas grandes asas longas com penas brancas envolvem sua pele queimada do sol. Não quero os olhares de outros seres,
nem outros amores,
poesias.
Ela aprendeu a despertar algo novo em pequenos cantos teus.
'' Não há razão nas coisas feitas pelo coração ''
Insistir em gostar do inverso.. que irracionalidade, mas ao mesmo tempo..
Que sensação gostosa.
Experimentar o proibido.
O tédio me persegue quando estou nos olhos não-seus.
Meu menino, aeroporto de olhares meus.
Meus limites já podem superar sua facilidade com o emprecionar-se.
Caminhando contra o vento sem lenço,
sem documento.
Nada no bolso ou nas mãos.
Vou percorrendo as longas estradas da contradição e da loucura.
Da suculenta loucura do amar.
Uma rosa vermelha perdida nos cantos de uma rodoviária.
Ainda está em suas mãos.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Sobre minha despidida

Que minha solidão me sirva de companhia.
Que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Que eu saiba ficar com o nada.
E mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo.
C.L.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Sobre o segredo das paredes.

Cada dia que passa mais envelheço e ainda não aprendi a viver.
Não sou filha da liberdade. Vejo a fria face do medo congelada na velocidade do tempo.
Minhas angustias sussurram em meu ouvido. Você sabe o que é voar pelas noites entre os gatos pardos e ouvir a doce melodia destemida da madrugada ?
Os muros da cidade.
A vida das calçadas.
Não sei que cor tem as ruas depois do crepúsculo.
Conheço bem meus lençóis.
Escuto o barulho das paredes brancas do meu quarto, sei seus segredos íntimos.
O tic tac dos relógios no mudo silêncio.
Algo me escapa entre os dedos molhados de lágrimas solitárias, mais um ''eu'' no mundo paulistano.
A brisa que foge pelas frestas da minha janela vem me contar coisas que não posso entender..
Elas não se cansam de esfregar-se em meu rosto. Sua sensualidade misteriosa que passeiam e chamam alguém engaiolado dentro de minha consciência.
Por que os fantasmas em bege me seguem?
Deixe me esquecer do que não vi.
Queria ser ''metamorforizada'', não em pássaro ,nem em gatos, mas em sensações e em palavras ocultadas pelo breu.
Onde estão os olhares invasores que procuro e a música que me envolve no ar não iluminado?
Onde está o não dito,
o desentendido?
Os copos e os passos despreocupados?
O escuro e o fantasiado?
A loucura não percebida ou a atitude descabida?
O som
e meus toques?
A ausência dos pensamentos em contra-passos?
O pulsar violento das batidas de um coração cansado?
O sentido distorcido?
Os lençóis, os botões e a malha preta dos vestidos?
Quero entrar nesse túnel infinito e nunca visto e fugir com a brisa e a música pelas mesmas frestas de minha janela.
Eu quero o dom dos lobisomens.
Entender antigos poetas,
sentir a companhia das sombras,
e rir com esses novos amores nas festas do desconhecido.
Tu, meu amor, me leve porque não quero mais voltar para o meu dono que nunca soube dormir sem cobrir seus cegos olhos exaustos.
Me leve...para poder dizer que entendo.
Agora acordo e meus lençóis ,mais uma vez , me observam.

sábado, 7 de novembro de 2009

Sobre meu garoto.

Aquele garoto quer gritar, você pode ver?
Já estão secas suas lágrimas, por isso não chora.
Ele vê o mundo como um grande carrossel, que gira, gira, gira e gira.
Ele fecha os olhos, e grita.Mas som nenhum sai de sua boca.
Seu peito deseja explodir.Ele deseja ajudar alguém, mas suas mãos são muito curtas.
Ele deseja confortar alguém, mas o silêncio é mais forte que ele.
Não sabe o motivo de sua raiva.
Ele é apenas um jovem como outros, o que pode ele ter de diferente?
Senti-se impossibilitado, incapaz.
O grito dele acalmaria outro coração, ele tem certeza.
Ele é herói, vilão ou refém?Abra a boca, deixe essa bomba sair.
Ajude-a.
Ajude-se.
Ele quer ver-se só, o mundo é frio de mais para todo seu amor.
Agora ele começa a se acalmar, é vencido pelo cansaço.
Sente seus olhos pesados, já não se sustenta em pé.
Cai.
Dorme.
E dormindo ele chora.
Escrito por Victor Macedo - blog Sinfonia de cores (http://torvicstankowich.blogspot.com/)

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Sobre um assassinato melancólico.

Se voce quiser ir,
eu vou deixar.
Vai em paz.
Vai com Deus.
Que eu possa lembrar de cada vão momento..
Vivo,
presente,
eterno..
Como uma borboleta que cresce
e que um dia voa, porque esse é seu destino.
Vai.
Leva consigo os sorrisos,
os olhares e as palavras,
a brisa daquelas tardes e noites.
As juras de amor.
E lembra,
que um dia fomos um,
que tua alma tocou a minha
que parte de mim estará indo também.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Sobre ventos hipnóticos.

Beije-me
como se nunca estivesses dentre os meus lábios
Toque-me
como se jamais visse tal pele
E, leva-me contigo,
nos olhos, na mente, no coração.
Apenas leva-me.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Sobre o aniversário de um ícone.

69 anos,amanhã. 1. Um sonho que você sonha sozinho é apenas um sonho. Um sonho que você sonha junto (com outras pessoas) torna-se realidade.
2. Eu acredito em Deus, mas não como uma coisa única, um velho sentado no céu. Eu acredito que o que as pessoas chamam de Deus, está dentro de cada um de nós. Eu acredito que Jesus ou Maomé ou Buda e todos os outros estavam certos. Foi só a tradução que foi feita errada.
3. Eu não acredito em matança, seja qual for a razão!
4. Se todos lutassem por paz em vez de por outro aparelho de televisão, então haveria paz.
5. Se você tentasse dar outro nome para o rock'n'roll, então ele seria Chuck Berry.
6. Se alguém pensa que paz e amor é um clichê deixado para trás no fim dos anos 60, isso é um problema. Paz e amor são eternos.
7. A vida é o que acontece quando você está ocupado fazendo planos.
8. Meu papel na sociedade, ou de qualquer artista ou poeta, é tentar expressar o que nós sentimos. Não é dizer às pessoas o que sentir. Não como um pregador ou como um líder, mas como um reflexo de nós mesmos.
9. Nossa sociedade é conduzida por pessoas insanas com objetivos insanos. E acho que estou sujeito a ser posto de lado como um insano por expressar isso. Isso é que a insanidade.
10. Rituais são importantes. Hoje em dia está na moda não ser casado. Eu não quero estar na moda.
11. O que os anos 60 fizeram foi nos mostrar as possibilidades e a responsabilidade que cada um tem que ter. Não era a resposta final. Só nos deu um vislumbre da possibilidade.
12. Quando você está se afogando não pensa "eu ficaria imensamente satisfeito se alguém tivesse a providência de notar que estou me afogando e viesse e me ajudasse". Você apenas grita.
13. Para nosso último número, quero pedir a ajuda de todos. As pessoas nos lugares mais baratos podem bater palmas? E o resto de vocês aí (nos lugares mais caros) apenas chacoalhem suas jóias.
14. Se as pessoas prestam alguma atenção naquilo que falamos, então eu digo que nós estivemos envolvidos no mundo das drogas e que não existe nada melhor do que não estar mais viciado.
15. Eu sempre considerei minha obra como uma coisa só e acho que meu trabalho só estará encerrado quando eu estiver morto e enterrado e espero que isso demore muito tempo. (N.R.: Ele falou isso numa entrevista para a rádio RKO no dia de sua morte).
John Lennon

domingo, 4 de outubro de 2009

Sobre o que tu cativas.

E foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho, que se voltou, mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? perguntou o principezinho. - Tu és bem bonita...
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda.
- Ah! desculpa, disse o principezinho.- Que quer dizer "cativar"?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços"
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. - Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no no mundo...
Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra.
O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...
A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:
- Por favor...cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
- Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.
- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto...
Assim o principezinho cativou a raposa. Mas quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é sua, disse o principezinho, eu não te queria fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...
- Quis, disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! disse o principezinho.
- Vou, disse a raposa.
- Então, não sais lucrando nada!
- Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo.
- Adeus, disse ele...
- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.
O pequeno príncipe

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Sobre megalhas.

Eu quero a sorte de um amor tranqüilo
Com sabor de fruta mordida
Nós na batida, no embalo da rede
Matando a sede na saliva
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia
E ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente não vive
Transformar o tédio em melodia
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum veneno antimonotonia
E se eu achar a sua fonte escondida
Te alcance em cheio o mel e a ferida
E o corpo inteiro feito um furacão
Boca,
nuca,
mão,
e a tua mente, não
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum remédio que me dê alegria
Todo amor amor que houver nesta vida - Cazuza