sábado, 20 de fevereiro de 2010

Sobre pétalas vermelhas.

Não,eu não sou um pássaro.
Não,eu não sou um gato pardo.
O que eu sou? Não sei dizer.
Talvez eu seja uma forma não reconhecida ainda.
Só vista pelos que tem olhos afrodisíacos.
Sim, eu sou uma sombra iluminada que passa pelos cantos das paredes.
Eu passo pelas ruas.
Invisível como o vento.
Sente-se e não vê.
Invisível no escuro e na luz.
Transparente e incolor.
Sem cheiro, sem tom.
Que cor sou eu?
Não sei que cor sou eu.
Sou uma mutação de cores ambulantes.
Nunca serei a mesma cor.
Não tenho cor para os olhos sólidos dos juízes que me apontam o dedo.
Não sou o réu e não sou a testemunha.
Estou em julgamento,mesmo que não me vejam.
Sou uma gota de chuva.
Sou um sopro.
Sou uma rosa vermelha.
Tenho espinhos, mas não são para te machucar.
São para me proteger daqueles que arrancam minhas pétalas pequeninas e fragilizadas, mesmo que assim ,raras e não conhecidas.
Por que diamantes são tão valorizados? Por que existem pouco deles por ai?
São raros.
Por que as pessoas que são raras como os diamantes não são tão valorizadas?
Por que não somos como lindos diamantes?
Tudo seria mais fácil.
Estou escondida em uma pedra.
Sou uma pedra.
E ainda sim sou uma flor.
Que perfume singular.
Apenas os beija-flor chegam a mim.
Os outros animais não possuem todo o esplendor de um pássaro como o beija flor.
As pétalas não caem sozinhas.
São arrancadas.
Sou uma flor murcha.
Coloque-me em um jarro de água?
Está tão difícil achar um de um copo de vidro delicado e fresco.
Essa rosa está amassada no chão,apodrecendo com os materiais orgânicos
Que se decompõe lentamente.
Estão cansados de existir.
Tire esta flor de lá, toque em seus espinhos.
E se doer, perceba que não há veneno por mais que tenha feito um corte em seu dedo.
Essa flor está doente.
Só precisa de um pouco de água para florecer novamente.
Quem sabe da próxima vez nasça mais bonita do que antes.
Seu perfume já estava sutil, e sua cor desbotada com os dias chuvosos.
Sou uma flor..
jogada no vento.

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