quarta-feira, 29 de julho de 2009

Sobre os donos da noite.

Os gatos passam o dia entretidos no seu mundo e, muito de vez em quando, parecem lembrar-se de nós para nos darem uns minutos de atenção, em tempo de gato.Podemos imaginar um relógio com o seu rosto, em que os ponteiros são bigodes brancos. Talvez um deles leve um pequeno rato na ponta e o outro, uma espinha de peixe. Tudo muito gráfico, porque o gato é o animal com mais design que a natureza desenhou.

Umas vezes, respondem pelo nome à primeira; outras, fingem nem sequer nos ter ouvido uma das 15 vezes em que interpretámos o seu nome, numa escala musical entre o chamamento mimado e a quase exasperação. Só pode ser para ficarmos na dúvida eterna sobre se realmente sabem como se chamam, ou não. Há quem diga que os gatos são mais inteligentes do que os cães, porque desobedecem.

O seu dono chama-se liberdade e a sua independência é a prova de que são o melhor animal doméstico que se pode ter. A maior parte do tempo, os gatos passeiam pela casa como se estivessem vestidos de terno e gravata e o mundo lhes pertencesse.Os gatos vivem de metáforas.Quando aparecemos sem avisar,deitam-se depressa e dormem, com um olho aberto, outro fechado. Sonham que estão acordados e às vezes, esquecem-se de tirar a pose de donos da casa.

A nossa mão aproxima-se e fazem festa. E o que fazem eles? Ronronam,dizem durante muitos minutos de seguida, numa linguagem que o nosso centro tradutor descodifica: '' Estou tão contente de estar com você. Pode continuar, porque este é o melhor momento do meu dia. Eu já te disse que as tuas festas são as melhores do mundo? ''. E dizem e dizem.

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